quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Avaliação Respiratória

Caros alunos e visitantes... sejam bem vindos!!! Esta postagem é mais uma da série: resumão da aula! E o assunto escolhido hoje é Avaliação Respiratória!!!

É um tema muito relevante, pois, é do conhecimento de todos, que não há tratamento bem sucedido sem uma avaliação eficaz e criteriosa. Nesta breve postagem vou tentar se direto e prático para que vocês recordem o que falamos em sala de aula.

Vou me basear, assim como na aula prática, no formulário de avaliação que usamos no Estágio Supervisionado em Fisioterapia Hospitalar e o foco será exclusivamente a avaliação respiratória.

Vamos lá!

A avaliação respiratória já se inicia durante a avaliação dos sinais vitais onde observaremos a frequência respiratória (FR). A forma correta de se aferir tal variável é contarmos quantas respirações (inspiração e expiração) o paciente executa dentro de um (1) minuto. Não há um consenso muito claro na literatura quanto aos valores normais, por esse motivo usaremos um valor médio de 12 a 20 ipm (incursões por minuto). Valores abaixo de 10 ipm classificamos como bradipnéia e acima de 20 taquipnéia. Apnéia é a interrupção dos ciclos respiratórios;

Ao observarmos a frequência respiratória devemos avaliar também o ritmo respiratório que tem como valor fisiológico (normal) a relação entre a inspiração e a expiração (Relação I:E) em 1:2, sendo 1 tempo para a inspiração e 2 tempos para a expiração. Ritmos respiratórios alterados como: Cheyne Stokes (sinal de doença metabólica ou lesão de SNC), Biot, Kussmaul ou Cantani serão descritos em outra ocasião.

Padrão Respiratório: é a observância do predomínio da movimentação torácica, abdominal ou mista durante as incursões respiratórias. Se observarmos que o paciente movimenta (com maior amplitude) o tórax classificaremos o padrão como sendo costal (ou apical); se o predomínio for abdome, classificaremos como sendo respiração diafragmática (ou abdominal). Poderemos observar também pacientes em que não observaremos predomínio de um ou de outro. Nesse caso classificaremos como sendo um padrão respiratório misto. A alteração patológica mais comum que é indício de esforço excessivo da musculatura respiratória é o ritmo paradoxal (em que durante a inspiração o tórax se eleva e o abdome se deprime e na fase expiratória a condição se inverte com a depressão do tórax e a projeção do abdome).

Expansibilidade: é a quantificação da capacidade de movimentação da caixa torácica durante a inspiração. Várias são as possibilidades de se quantificar (inclusive a observância direta da mobilidade). Além desta quantificação observamos se o movimento é simétrico (bilateral equivalente), a amplitude (superficial, profunda ou normal) e a presença da utilização (ou não) da musculatura respiratória acessória.

Percussão Torácica: é a avaliação, através da dígito percussão, da ressonância desta técnica na caixa torácica. Posiciona-se o dedo indicador da mão não-dominante no espaço intercostal. Em seguida percute-se com o dedo indicador da mão dominante sobre o da outra mão (veja imagem abaixo). Escute com atenção o som resultante. Consideramos o som normal o som pulmonar claro (timpânico) - que é grave, ressonante e de longa duração. O som maciço é curto e seco e evidencia a presença de algo que não seja ar na região em que aparece. Podemos classificar como hipertimpânico (semelhante ao timpânico porém em maior intensidade) evidência clínica de aprisionamento de ar na caixa torácica - DPOC (?).



Tosse: a tosse é um reflexo de defesa do sistema respiratório que consiste de um fluxo alto expiratório. É classificada em eficaz (quando o paciente apresenta a tosse) ou ineficaz (quando o paciente não consegue tossir por não ter força da musculatura expiratória suficiente ou por outro motivo qualquer. Classifica-se também em produtiva (quando consegue expectorar a secreção) ou improdutiva (quando isso não é conseguido).

Secreção (Expectoração): inicialmente devemos observar a quantidade de secreção (classificada em grande, média ou pequena quantidade). Observa-se também a coloração (branca = mucóide; amarelo-esbranquiçada = muco-purulenta; amarela = purulenta, amarela com rajas de sangue ou secreção com sangue = hemoptise), a viscosidade (fluida = menos densa ou viscosa = mais densa) e o odor (em normal ou fétido - presença de um cheiro forte e desagradável que é característica típica de infecção respiratória);

Ausculta Respiratória: é a obtenção dos sons produzidos durante a respiração através do uso do estetoscópio. Para tanto observamos duas variáveis: o murmúrio vesicular e a presença (ou não) de ruídos adventícios. Murmúrio vesicular (MV) é o som produzido pela passagem do ar no sistema respiratório (o murmúrio traqueal é o mesmo som porém quando passa exclusivamente pela traquéia). Classificamos o MV em normal (ou positivo), diminuído ou ausente. Nos dois últimos casos devemos localizar a alteração de acordo com o segmento pulmonar em que foi encontrado. Ruídos adventícios são sons patológicos, que podem ser inspiratórios, expiratórios ou nos dois. Temos como ruídos adventícios: roncos = som grave, de predomínio inspiratório que indica a presença de muco nas vias aéreas calibrosas; sibilo = som agudo, semelhante a um assobio ou chiado, de predomínio expiratório mas que também pode estar presente na inspiração e é indício de obstrução das vias aéreas inferiores (de menor calibre); estertor crepitante = som semelhante ao atrito de uma mecha de cabelo, audível no final da inspiração e sugere a presença de exsudato e transudato intra alveolar; estertor bulhoso = som semelhante a bolhas estourando, audíveis na inspiração que evidencia a presença de secreção na luz brônquica; atrito pleural = é o som de um "rangido", decorrente do atrito entre as duas pleuras, audível tanto na ins quanto na expiração e está presente em inflamações e lesões pleurais.

Tipo de Tórax: classificamos o tórax do nosso paciente através da observação atenta do mesmo sem a presença de roupa. Pode ser classificado em: Tonel (ou globoso) = tórax adota uma posição inspiratória constante decorrente da hiperinsuflação; Pectus carinado (em quilha ou peito de pombo) = caracteriza-se por uma protrusão acentuada do osso esterno, juntamente com as cartilagens costais (pode ser adquirido ou congênito); Pectus escavado (ou carinado) = é oposto ao tórax em peito de pombo. Pois este apresenta uma depressão, na qual os arcos costais anteriores se projetam mais anteriormente que o próprio esterno. Um dos fatores responsáveis por esta depressão seria o repuxamento excessivo das fibras anteriores do diafragma que se prendem ao externo inferior e ao apêndice xifóide; Cifoescoliótico = em consequência a uma alteração postural.

Tiragem: é a depressão do espaço intercostal, região supra-esternal e supra-clavicular e durante a inspiração. Evidencia o excesso do uso da força durante a respiração por dificuldade na expansão pulmonar por obstrução brônquica ou traqueal, edema e fibrose pulmonar.

Dispnéia: aumento do estímulo respiratório (alteração do ritmo e frequência). Evidência de hipoxemia, acidose, febre, exercício ou ansiedade. Classifica-se em grandes (atividade física de grande intensidade), médios (atividade física de média intensidade) ou pequenos esforços (presente na realização das AVD´s).


Bom pessoal, é isso! Espero que ajude e, em breve, postarei novos temas de Cardiopulmonar!!! Lembrem-se sempre que este resumo é meramente informativo e que, de forma alguma, deve substituir a consulta à literatura!!! Leiam bastante, estudem muito!!!

Abraço a todos e aguardo os comentários!!!

Prof. Otávio Plazzi
12/08/2010 - 23h08minhs

8 comentários:

  1. conheço um menino q tem Pectus carinado(peito de pombo).
    o que pude observar é uma protusão acentuada no externo, com muito pouca musculatura toraxica, n sei se é pela idade ou pelo problema congênito dele. Creio q ele venha a ter 14 anos.
    Essa protusão gera, ou pode gerar disturbios respiratorios se n tratado?
    Como seria o tratamento no caso?

    ResponderExcluir
  2. Olá Otavio essa aula está perfeita , queria se possivél uma sobre anatomia do coração...Desde já agradeço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá! Vou tentar produzir amanhã, mas não prometo. Estou sendo convidado para dar um curso online de AnatomoHistologia Cardíaca. Aguarde notícias. Serão dois sábados com preço quem acessível! E não esqueça do curso de Recursos Terapêuticos Manuais em Fisioterapia Respiratória.
      Um abraço, bons estudos e até amanhã!

      Excluir
  3. Olá, Professor! Aproveitei bastante suas informações. Tenho algumas dúvidas quanto aos drenos de tórax, suas classificações. Se houver alguma aula sobre isso, agradeço.
    Um abraço! Dra. Aline dos Santos.

    ResponderExcluir
  4. Respostas
    1. Olá Bianca! Fico muito feliz que tenha gostado. Já conhece o meu canal no YouTube? Tem muita coisa legal la: www.youtube.com/oplazzi. Obrigado por seu carinho e respeito com o meu trabalho. Um abraço e ótima semana!

      Excluir
  5. Você já me ajudou muito com suas postagem não posso deixar de retribuir de alguma forma. E a melhor forma é contribuindo com a compra do seu livro. Sucesso...

    ResponderExcluir
  6. olá prof Otávio, estou estudando pela primeira vez com o senhor e já gostei.Acredito que terei muito a aprender, afinal pretendo seguir na mesma área de fisioterapia, cujo rumo é extremamente fascinante. Abraços e desde já agradeço pelas aulas que estão por vir.

    ResponderExcluir